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Há 20 anos, professora leva espiritualidade e educação aos detentos na Cadeia Pública de Belém/PB através da Pastoral Carcerária




                                      

Professora Lene Maria

Um trabalho desafiador e incompreendido por muitos, mas essencial à ressocialização das pessoas privadas de liberdade, é desenvolvido pela professora Lene Maria na Cadeia Pública de Belém, no Agreste paraibano. São vinte anos dedicados à espiritualidade e a educação de detentos por meio da Pastoral Carcerária, cumprindo o ensinamento evangélico de Cristo que disse: “Estive preso e vieste me visitar” (Mateus 25, 36).

Mais do que uma visita, Lene Maria, professora da rede pública há duas décadas, dedica seu tempo, fora das salas de aula, ao acompanhamento educativo dos encarcerados que lotam as celas da cadeia de Belém. Atualmente, são 25 presos distribuídos em apenas 4 celas com pouco mais de 2 m², que já chegaram a abrigar 34 detentos.

Em 2016, a professora Lene começou a dar aulas aos apenados, em um projeto idealizado pela Promotora Ana Maria Pordeus Gadelha, unindo ao trabalho socioeducativo da Pastoral Carcerária. Participam do projeto, que continuará neste ano de 2017, através de parceria com a Prefeitura de Belém, os presos que não concluíram a primeira fase do Ensino Fundamental. 

Trabalho junto aos encarcerados selecionados para o projeto educativo
Católica praticante, Lene Maria, que em 2015 participou de um curso sobre Justiça Restaurativa, ou seja, um modelo de Justiça que "valoriza o diálogo, compensando danos, gerando compromissos futuros e responsabilidades, objetivando a reintegração social da vítima e do infrator", recebe o apoio do jovem professor Diniz Nascimento, membro da Igreja Metodista de Belém. Ação ecumênica e silenciosa, e quase solitária, iniciada há vinte anos, após o primeiro encontro realizado pelo padre Bosco, atual coordenador estadual e diocesano [Diocese de Guarabira] da Pastoral Carcerária, como conta a professora:

Anunciando o Evangelho de Cristo
“Este ano [a Pastoral Carcerária] completa 20 anos. Há 20 anos fui convidada por João Lúcio, filho de Lúcia Cruz, para participar de uma reunião na Igreja Nossa Senhora da Conceição, com Padre Bosco e alguns membros da Pastoral Carcerária de Guarabira. Neste dia, dei o meu SIM. As visitas aconteciam nas quartas-feiras.”

Continuando o relato ao Correio Belenense, Lene Maria fala sobre o desafio de encontrar voluntários para ajudá-la na Pastoral Carcerária, pois a maioria das pessoas convidadas ainda tem uma visão preconceituosa em relação à pastoral, que sempre contou com um número reduzido de membros:

Ouvindo os presos
“Por motivo de trabalhar em Nova Cruz, não foi mais possível João Lúcio participar. Fiquei caminhando sozinha. Depois convidei um senhor idoso, Sr. Herculano. Muito doente, os filhos levaram para o Rio ou São Paulo. Certo dia, convidei Maria das Neves de Sousa, conhecida como Nevinha, uma agente pastoral exemplar. Saiu da pastoral  porque Deus a chamou. Novamente, um dia André de Zé Rodinha chegou em minha casa e falou que ia caminhar comigo. Permaneceu uns seis anos, saiu para a Pastoral da Sobriedade. Com um tempo, já cansada de estar só, convidei os mais jovens e adultos, mas falavam que para presídio não gostavam. Continuei só. Hoje, louvo e agradeço a Deus pelo SIM de Diniz, o mesmo é congregado na Igreja Metodista”.

A “espinhosa e discriminada” missão da Profª Lene Maria, junto com o Prof. Diniz Nascimento, prossegue neste ano de 2017. Na quinta-feira passada (05/01), ocorreu a primeira visita do ano ao presídio em Belém. Na ocasião, a Pastoral Carcerária levou auxílio espiritual através da leitura da Sagrada Escritura e alguns alimentos aos encarcerados.

Profª Lene e Prof. Diniz em atividade da Pastoral Carcerária.
“Hoje dia 05/01/2017, no presídio de Belém, a Pastoral Carcerária foi visitar, levar a Palavra de Deus e um pouco de lanche aos nossos irmãos detentos. Eu e Diniz agradecemos a Deus por essa missão tão espinhosa e discriminada. Mas Jesus vê tudo e sabe todas as coisas. Obrigado, Senhor”, escreveu a Profª Lene em seu perfil numa rede social na internet.

Pastoral Carcerária

A Pastoral Carcerária nasceu com o próprio Jesus Cristo. Ele mandou que os cristãos visitassem os presos e Ele mesmo foi um preso. Portanto, a pastoral tem sua origem com o próprio Cristianismo. Contudo, somente na Idade Média, a partir dos séculos XI e XII, nasceram grupos organizados para visitar e resgatar as pessoas encarceradas.

No Brasil, embora a existência de grupos de visitação perde-se no tempo, a Pastoral Carcerária como serviço organizado da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) deu passos decisivos a partir de 1986, quando se realizou a primeira reunião nacional de que se tem notícia.

A partir de 1988 a coordenação nacional é criada e se iniciam contatos com organizações nacionais e internacionais, estes por meio do padre Chico, e passa a canalizar seus esforços para a contestação do sistema penitenciário e das violações dos direitos de presas e presas.

Estão entre os objetivos específicos da Pastoral Carcerária: o anúncio do Evangelho de Jesus Cristo [mas sem proselitismo]; a conscientização da sociedade para a difícil situação do sistema prisional; a contribuição para a redução da população carcerária; a superação da justiça retributiva por meio da justiça restaurativa; a promoção da inclusão social da pessoa presa; e a motivação e criação de políticas públicas que zelam pelo respeito aos Direitos Humanos.


Mais informação: http://carceraria.org.br/

Fonte: http://correiobelenense.blogspot.com.br/



                                        

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